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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Terceirização na USP, segundo boatos

"Obreiros voltando a casa" - Pintura de edvard Munch 


As empresas que “prestam serviço” para a USP atacam, diariamente, diversos direitos trabalhistas. Não obstante tal situação de grave prejuízo para os trabalhadores terceirizados, a USP tem dito abertamente que: “Não temos nada a ver com isso! Trata-se de um problema da empresa.”
A política de terceirização na Universidade de São Paulo, que cresceu 40% no último período, trata-se da implementação de uma política de privatização da Universidade, em que a tarefa do poder público passa a ser de empresas privadas, estas não têm nenhum compromisso com o caráter público da universidade e com o ensino, mas sim com a obtenção de lucro.

Amplia-se a política de privatização, amplia-se a política de exploração

Aos trabalhadores terceirizados são impostas supressões de direitos trabalhistas, sendo sujeitos a condições precárias de trabalho, instabilidade de emprego, salário de fome, carga horária abusiva e constantes humilhações. Todas essas restrições aos seus direitos são para gerar redução de custos orçamentários. Os patrões – como parasitas que são – sugam os direitos dos trabalhadores para manter lucros exorbitantes! A precarização dos direitos trabalhistas é, para os empresários, um dos meios encontrados para obterem mais lucro e é, para a universidade, um dos meios de amenizar a crise fiscal do estado (reduzindo os gastos públicos) e favorecer os interesses privados.

Diante da situação clara de abuso contra os trabalhadores, a Reitoria se cala

A Reitoria não age com rigor e não toma providências frente às inúmeras denúncias de irregularidades com os trabalhadores, pois, supostamente, há professores e funcionários da USP (que possuem “cargos de confiança”) que são donos/sócios de empresas que prestam serviço à USP. Circulam muitas informações e muitos boatos sobre uma máfia existente dentro da Universidade formada por professores e funcionários que são donos de empresas terceirizadas, enquanto gestores públicos que trabalham na Reitoria encobrem todas as irregularidades das empresas. Vamos a um dos boatos.

O Caso EVIK
A EVIK é uma empresa que “presta serviços” de vigilância para USP e é a que mais tem crescido na Universidade, chegando a preencher, atualmente, 800 postos de trabalho. Segundo boatos, esse crescimento se deve ao seguinte fato: o dono da EVIK é, supostamente, o chefe da guarda universitária.

Muitos guardas universitários (mais próximos do chefinho), ao invés de assegurarem o patrimônio público, agem como fiscais dos vigilantes contratados pela EVIK e sempre com muita truculência, segundo denúncia dos próprios vigilantes.

Alguns vigilantes contratados pela EVIK denunciam seus “companheiros” que tentam organizar alguma greve ou protesto contra os abusos que sofrem diariamente por parte da guarda universitária e contra os ataques aos direitos trabalhistas e (pasmem!) esses vigilantes são rapidamente incorporados à guarda universitária. Coincidência ou bonificação?

Por enquanto, “o caso EVIK” é um boato, assim como o dono da empresa Personal de vigilância ser professor da USP São Carlos é mais um junto a tantos outros.

No meio de tantos boatos, uma única certeza: O movimento estudantil deve se colocar na luta junto aos trabalhadores terceirizados, defendendo a imediata incorporação deles no quadro de funcionários da USP, sem concurso público, pois é a única maneira de garantir salários dignos e todos os direitos dos trabalhadores a viver, e não apenas sobreviver. Cabe ao movimento estudantil não aceitar a política de privatização travestida de terceirização dos serviços na Universidade, que só faz repassar dinheiro público para as empresas e enriquecer seus proprietários.

Essa reivindicação tem dupla implicação para os estudantes – pois lutar por uma universidade 100% pública significa lutar para que o poder público assuma as demandas da universidade e não empresas privadas; e lutar por ensino de qualidade passa por lutar por trabalho e salário decentes para os trabalhadores do ensino.

Pelo fim da terceirização e da privatização!

*Ludmila Facella é estudante de Artes Cênicas na USP