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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Tio Sam dia-a-dia

Milho aos Pombos - Zé Geraldo

Livre Acesso à Educação!

Mayara Inês Colzani - Militante da Juventude Revolução


Todos os anos milhares de jovens deixam de estudar por não terem condições de chegar à escola, e as públicas no Brasil só tendem a piorar.

O governo prefere dar dinheiro aos empresários e cada vez mais deixa a educação de lado e nós somos obrigados a pagar a conta.

A mais nova do governo é o “Fim do Vestibular”, o que não passa de mais um funil que assim como o vestibular não dá vagas para todos e acaba excluindo de novo as pessoas que tiveram condições de ensino.

A nossa luta é pela universalização da educação, pois nós não precisamos de vestibular, não precisamos de cotas que não aumentam o número de vagas e deixa a maioria de fora, nós precisamos de vagas para todos.

Nossa bandeira deve ser “Livre acesso à educação, lutar para ganhar! A palavra de ordem é abaixo o vestibular”.

O trecho de música é da banda Subversivos que expressa a antiga reivindicação dos estudantes.

ABAIXO O VESTIBULAR! - Subversivos

A universidade deve pintar-se

de negro, mulato, operário e camponês!

A educação é um direito, pois todo estudante

conclama a sua vez!


Ou o povo invadirá e pintará

com as cores que quiser!

Por vagas iguais a todos!

Essa é a bandeira onde ela estiver!


LIVRE ACESSO À EDUCAÇÃO,

LUTAR PARA GANHAR!

A PALAVRA DE ORDEM É

ABAIXO O VESTIBULAR! [ 2X ]


No conhecer há um latifúndio,

com cercas lucrativas que juntos vamos romper!

E quem não paga é excluído,

por que pro empresário sem dinheiro não tem vez!


Sustentamos uma máfia de cursinhos,

diga não a esse funil!

Pois nossa luta pelo livre acesso

cresce em todo Brasil!




segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Racismo e cotas raciais

Zâmbia Santos, militante da Juventude Revolução e do Movimento Negro e Socialista.

A Constituição Federal, no seu Artigo 19, estabelece que: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”. O Artigo 208 dispõe que: “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”.
“Ninguém será discriminado, prejudicado ou privilegiado em razão de nascimento, idade, etnia, raça, cor, sexo, estado civil, trabalho rural ou urbano, religião, convicções políticas ou filosóficas, deficiência física ou mental, por ter cumprido pena nem por qualquer particularidade ou condição”.
Porém os defensores das cotas alegam que o princípio da igualdade de todos perante a lei exige tratar desigualmente os desiguais.
Os negros são a maior parcela dos oprimidos no Brasil e nós sabemos que o racismo é uma arma da classe dominante para dividir nossos irmãos trabalhadores, por isso é fundamental que nós nos organizemos para combater aqueles que querem perpetuar o regime da exploração e sua repugnante ideologia racista. A luta contra o racismo é a luta contra a sociedade de classes e, portanto contra o capitalismo. Basicamente, é o abismo existente entre o proletariado e a burguesia e tudo que vem associado a eles, e não a cor, que limita o acesso ao ensino superior.
A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2006 informa que 9,41 milhões de estudantes cursavam o ensino médio, mas apenas 5,87 milhões freqüentavam o ensino superior, dos quais só uma minoria de 1,44 milhão estavam matriculados em instituições superiores públicas. As leis de cotas raciais não alteram em nada esse quadro e não proporcionam inclusão social - ou seja, não se criou mais vagas em universidades federais ou particulares, e acaba beneficiando as universidades particulares que passam a ter seus bancos desocupados preenchidos e ganham imensos incentivos, fiscais e financeiros do governo, incentivos esses que deveriam ser aplicados a rede publica de ensino - Elas apenas selecionam “vencedores” e “perdedores”, com base num critério altamente subjetivo e intrinsecamente injusto, abrindo cicatrizes profundas na personalidade dos jovens, naquele momento de extrema fragilidade que significa a disputa, ainda imaturos, por uma vaga que lhes garantam o futuro.
Difunde-se a promessa sedutora de redução gratuita das desigualdades por meio de cotas raciais para ingresso nas universidades. Nada pode ser mais falso: as cotas raciais proporcionam privilégios a uma ínfima minoria de estudantes de classe média e conserva intacta, atrás de seu manto enganosamente inclusivo, uma estrutura de ensino público arruinada. Há um programa inteiro de restauração da educação pública a se realizar, que exige políticas adequadas e vultosos investimentos. É preciso elevar o padrão geral do ensino, mas, sobretudo, romper o abismo entre as escolas publicas gratuitas de qualidade, quase sempre situadas em bairros de classe média, e as escolas devastadas das periferias urbanas, das favelas e do meio rural. O direcionamento prioritário de novos recursos para esses espaços de pobreza beneficiaria jovens de baixa renda de todos os tons de pele e, certamente, uma grande parcela daqueles que se declaram “pardos” e “pretos”.


A meta nacional deveria ser proporcionar a todos um ensino básico de qualidade e oportunidades verdadeiras de acesso à universidade. Mas sem fundamentá-las em medidas paliativas que todos sabemos acabam ser arrastando e tornando-se “provisórias permanentes”
Queremos um Brasil onde seus cidadãos possam celebrar suas múltiplas origens, que se concretizam na criação de uma cultura nacional, aberta e tolerante, no lugar de sermos obrigados a escolher e valorizar uma única ancestralidade em detrimento das outras. O que nos mobiliza não é o combate à doutrina de ações afirmativas - aqui entendidas como esforço para cumprir as Declarações da Constituição, contribuindo na redução das desigualdades sociais - mas a manipulação dessa doutrina com o propósito de racializar a vida social no país. As leis que oferecem oportunidades de emprego a deficientes físicos e que concedem cotas a mulheres nos partidos políticos são invocadas como precedentes para sustentar a admissibilidade jurídica de leis raciais. Esse segundo sofisma é ainda mais grave, pois conduz à naturalização das raças. Afinal, todos sabem quem são as mulheres e os deficientes físicos, mas a definição e delimitação de grupos raciais pelo Estado é um empreendimento político que retrocede a conquista do reconhecimento científico da existência de uma única raça: a humana.



Segundo Sérgio Pena[1] (2008)

“O fato assim cientificamente comprovado da inexistência das ‘raças’ deve ser absorvido pela sociedade e incorporado às suas convicções e atitudes morais Uma postura coerente e desejável seria a construção de uma sociedade desracializada, na qual a singularidade do indivíduo seja valorizada e celebrada. Temos de assimilar a noção de que a única divisão biologicamente coerente da espécie humana é em bilhões de indivíduos, e não em um punhado de ‘raças’.”


Nos Estados Unidos, modelo por excelência das políticas de cotas raciais, a abolição da escravidão foi seguida pela produção de leis raciais baseadas na regra da “gota de sangue única”. Essa regra, que é a negação da mestiçagem biológica e cultural, propiciou a divisão da sociedade em guetos legais, sociais, culturais e espaciais. De acordo com ela, as pessoas são, irrevogavelmente, “brancas” ou “negras”. Eis aí a inspiração das leis de cotas raciais no Brasil.
Há 45 anos Martin Luther King[2] abriu um horizonte alternativo para os norte-americanos, ancorando-o no “sonho americano” e no princípio político da igualdade de todos perante a lei, sobre o qual foi fundada a nação. As cotas raciais nos Estados Unidos não contribuíram em nada para reduzir desigualdades, mas aprofundaram o cisma racial que marca como ferro em brasa a sociedade norte-americana.
“Quem exatamente é branco e quem é não-branco?”,é a pergunta que paira sobre o sistema de cotas norte-americano e no caso da lei racial que pretende-se implantar no Brasil algo ainda mais utópico “quem exatamente é negro e quem é não-negro? A linha divisória só se consolida pela validação oficial da auto-declaração dos candidatos, num processo sinistro em que comissões universitárias investigam e deliberam sobre a “raça verdadeira dos afros” jovens a partir de exames de imagens fotográficas ou de entrevistas identitárias. No fim das contas, isso equivale ao cancelamento do princípio da auto-declaração e sua substituição pela atribuição oficial de identidades raciais.
Leis raciais não ameaçam uma “elite branca”, conforme esbravejam os racialistas, mas passam uma fronteira brutal no meio da maioria absoluta dos brasileiros. Essa linha divisória atravessaria as salas de aula das escolas públicas, os ônibus que conduzem as pessoas ao trabalho, as ruas e as casas dos bairros pobres.
Neste início de terceiro milênio, um Estado racializado estaria dizendo aos cidadãos que a utopia da igualdade fracassou – e que, no seu lugar, o máximo que podemos almejar é uma trégua sempre provisória entre nações separadas pelo precipício intransponível das identidades raciais. É esse mesmo o futuro que queremos?

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[1]Geneticista e medico; professor titular do departamento de bioquímica e imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais.

[2] “Eu tenho o sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia numa nação na qual não serão julgados pela cor da sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter”

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Jovens "Teens".

Evandro Colzani

Eles cresceram, se tornaram fúteis, consumistas e estão muito parecidos com os jovens da “Malhação”.

Nos últimos anos um estilo novo de quadrinhos – para muitas pessoas – conseguiu seu espaço no mercado nacional. Ele é o mangá, que traz novas técnicas e novos conceitos para os quadrinhos.


O objetivo não é discutir o mangá, pois o assunto a ser tratado são dois novos títulos famosos no Brasil e que ganharam sua versão para este estilo de quadrinhos. Eles são “A Turma da Mônica jovem” e “Luluzinha Teen” e merecem uma pequena reflexão sobre suas mudanças e os temas por eles discutidos.


O primeiro título a chegar nas bancas do país é a versão jovem da turma da Mônica, eles agora são descolados, usam roupas da moda, não vivem sem tecnologia e começam a se interessar por alguém. Até aí não há muitos problemas, nos dias atuais isso é mais que comum, porém é preciso avaliar algumas coisas.



A Magali, que era a personagem que mais comia na infância, cresceu e ficou “encorpada”. Isso mesmo, uma pessoa que tem tudo para engordar muda de repente e consegue ter um corpo, por mera coincidência, que está dentro dos padrões impostos pela sociedade.


Logo na primeira edição a turma descobre o verdadeiro passado dos pais, eles são descendentes de samurais(oooohhhhh!). Só porque é um mangá precisa de samurais, ninjas, budas, etc? Não. É preciso compreender que o que torna o mangá algo diferente são elementos contidos na sua arte e na forma de narrativa. A cultura utilizada no mangá pode ser japonesa, americana ou brasileira, não é isso que o altera.


O ponto mais importante da nova turma da Mônica tem a ver com os hábitos dos personagens. Na quinta edição histórias do cotidiano desses jovens são contadas. O título de uma delas é “Onze coisas que as garotas amam” e entre elas estão a estética, a futilidade e o consumo exagerado e desnecessário. Uma lavagem cerebral enorme semelhante a “Malhação” que aliena cada vez mais os jovens, como se todos tivessem tempo e dinheiro para comprar e cuidar de sua beleza e ainda mais, nessa história a estética e o consumo são razões de viver.


O segundo mangá é a “Luluzinha Teen”, com uma história um pouco melhor, conta a vida de Luluzinha e seus amigos que também cresceram. Quase todas as características são as mesmas de antigamente, entretanto, algumas pitadas de ideologia dominante estão presentes.



A primeira mudança é a mesma da Magali, agora quem emagreceu foi o Bolinha. Se a desculpa da Magali ter feito uma dieta e se tornado vegetariana é convincente e original, bem, aconteceu quase a mesma coisa com o Bolinha, ele fez apenas uma dieta(pura semelhança¬¬).


O maior problema da Luluzinha é apresentado no início da história quando um jovem coordenador de uma instituição que ajuda jovens carentes mostra que o trabalho voluntário (que tira a responsabilidade social do estado e devolve às mãos de quem já pagou pelo serviço) ajudou e foi a única forma de proporcionar o lazer as pessoas carentes. Por incrível que pareça os personagens principais da história acham certo e querem ser voluntários.


Outros detalhes menores são vistos no decorrer da história, como a cena em que a Lulu está no ônibus pensando e passa por um outdoor com o anúncio beleza é tudo! Teenface. você linda custe o que custar, ou o momento em que ela explica que o lugar que as garotas vão quando têm um pouco de dinheiro é( adivinha aonde...) ao Shopping.


Somos bombardeados diariamente por anúncios que instigam o consumo ou a preocupação com a estética, pela tv, Internet, jornal, etc. Esses quadrinhos vêm com o intuito de reforçar essas idéias e atingir um público mais amplo. Nos sentimos mal quando não conseguimos comprar algo que estava na vitrine, ou quando aquela roupa que nos tornaria “mais bonitos” e legais não está ao nosso alcance financeiro e achamos toda essa bobagem normal. Acreditamos que a felicidade está num carro atual ou numa marca de roupa ou no nosso tênis, mas só pensamos dessa forma porque o sistema capitalista utiliza todos os meios possíveis (tv, rádio, revista, gibi, etc.) para transformar o consumismo em uma verdade absoluta e a chave da felicidade.


Gibis, mangás e desenhos animados podem parecer coisas simples e inocentes, porém, essa é uma visão leiga de algo que é uma das muitas armas para a lavagem cerebral de crianças, jovens e adultos. “Luluzinha Teen” e “Turma da Mônica” são exemplos práticos do que foi exposto e devem ser avaliados não só pela qualidade do material ou técnicas utilizadas e sim por seu conteúdo, que pode ser extremamente nocivo a qualquer um.